Hoje em dia, muito mais do que antigamente, falamos muito sobre autoestima, consequências do tal do bullying, e tudo relacionado ao que é padrão na sociedade.
Porém, nunca tivemos tantas matérias sobre suicídio e depressão, e tantas pessoas sofrendo desse mal. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 322 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo, e os números não param de aumentar.
Um dos sintomas da depressão é a baixa autoestima, que, segundo Fernando Fernandes, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, "É um sentimento de menos valia" e que está sempre associado ao sentimento de insegurança. "Quem sofre de baixa autoestima tende a interpretar fatos e sinais de uma maneira ruim e tem uma visão extremamente negativa de si mesmo o tempo todo".
A baixa autoestima te coloca em um contexto de vida tão obscuro, que muitas vezes te impede de frequentar lugares, visitar pessoas e concluir projetos.
A insatisfação com a própria imagem refletem em números da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que detectou através de uma pesquisa um aumento considerável de cirurgias realizadas em adolescentes entre 14 e 18 anos. Os números subiram de 37.740 procedimentos em 2008, para 91.100 em 2012. E em uma pesquisa mais recente de 2016 da própria instituição, o Brasil é o segundo colocado no ranking mundial de cirurgias plásticas, com um total de 1,22 milhões de procedimentos.
O jovem é bombardeado de críticas e pressões sociais sobre a própria aparência a todo instante. A mídia é o poder esmagador de autoestima, e os comentários infelizes e desnecessários de colegas, ou até amigos (será?), empurram ladeira abaixo a pessoa. Até mesmo os pais, sem perceberem, criam dentro de casa uma bomba relógio, prestes a explodir. A menina precisa ter o corpo da Gabriela Pugliesi (musa fitness), e o menino precisa ter o corpo do Caio Castro.
O não atingimento desse padrão resulta em frustração extrema e pode o levar para vários caminhos: automutilação, drogas, anorexia, bulimia, álcool, relacionamentos abusivos, e por aí vai. A pessoa com autoestima baixa acaba cultivando uma carência extrema: ela precisa descontar isso em algo, ou preencher o vazio com alguma outra coisa.
Seria tão bom se o ser humano fosse educado a olhar as pessoas além da embalagem, mas infelizmente, a cultura do corpo perfeito é exaltada nos blogs, nos clipes do Youtube e nas fotos lotadas de filtros do Instagram.
As pessoas não notam, mas você já parou pra perceber, por exemplo, que existe uma silenciosa pressão para a mulher ser sempre sexy?
Ela sempre precisa estar bela. Ela sempre precisa estar apresentável, apaixonável, desejável... Somos mercadoria agora?!
Em uma fase muito mais difícil comigo mesma, eu chegava a dar socos na minha própria cabeça de tanto ódio que tinha da minha imagem, e do fato de que não era, nem de longe, igual às minhas amigas. Cheguei a dormir com uma faca embaixo do travesseiro, para facilitar a prática de pequenos cortes na minha pele.
A missão de quebrar o padrão absurdamente lindo e irreal da sociedade, não é uma apologia à uma vida não-saudável, mas é um processo necessário para o autoconhecimento e autoaceitação. O primeiro passo para ter uma boa autoestima é se aceitar/se amar, e a partir disso você mudará se for preciso. Afinal de contas, só cuidamos do que realmente amamos, e investimos tempo e esforço nas mudanças de algo que realmente gostamos, e se não for assim, só estamos nos enganando.
É muito, muito necessário que você entenda seu biotipo, sua genética, e tudo o que influenciou seu jeito de ser. Quando compreendemos quem somos, que somos filhos de Deus e amados por Ele, e que temos nossas peculiaridades, goste você delas ou não, rs, o processo para ser mais feliz consigo mesmo fica menos turbulento.
Comece a ser mais positivo. Se você preferir se focar no seu belo sorriso, ao invés de ficar sempre martelando na ideia de que é muito magro, as coisas vão ser mais fáceis. Embarque no elogio diário a si mesmo. Não se maltrate ou tenha pensamentos depreciativos, e reconheça esse lado sombrio que lhe perturba e lute contra ele até o vencer. Não esconda o demônio debaixo do tapete! (desculpa, não resisti rs)
Nós precisamos parar de encarar a vida como se fosse um grande concurso de talentos. Se você tropeçar na rua e alguém rir, você é um fracassado; se você acabou ficando com um corte de cabelo não tão bom, você é um fracassado; se você é gordo, você é um fracassado; se você tem nariz torto, você é um fracassado. Tudo gira em torno do que as pessoas vão pensar, e na ideia de que você precisa acertar sempre. Erros não são permitidos. Só que a vida é mais leve do que isso, e seria muito mais simples se a sociedade toda fosse educada sobre essa verdade, e desde o maternal as crianças agissem de forma solidária e empática.
Infelizmente, o dia em que não haverá padrão está muito distante, e por hora, não passa de uma utopia. Por isso, a revolução que você pode fazer é dentro de você mesmo, e se conseguir, compartilhar esse amor com os mais próximos de ti. Esse amor é extremamente importante, pois ele cura a mente e é imprescindível para amar o outro e dar continuidade a corrente.
"Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes." - Marcos 12:30-31
(não há medo no Amor. O perfeito amor expulsa o medo)